terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

PORTO BELO ATÉ TIJUCAS DE CAIAQUE


Amanhecer do Segundo dia

Depois de uma boa ducha e um lanche o sono da noite me deixou o corpo descansado da remada e, ao sair da barraca,  uma bela paisagem se vislumbrava sobre a enseada do Retiro. 
O mar não parecia mais aquele de quando tivemos que entrar na praia. Não entravam aqueles vagalhões e até as pedras estavam à mostra. 
O que eu não podia esquecer era a capotagem diante de um platéia que assistiu tudo das mesinhas à sombra das amendoeiras. Pior ainda, vendo os amigos me ajudando e catando tralhas na água que estavam soltas dentro do caiaque como os chinelos, protetor solar, garrafinha de água. Menos mal que o saco estanque da câmera estava pendurado no cabo do bagageiro e não foi para água e nem bateu nas pedras.
 O que fica como experiência desses poucos segundos é muito grande para mim. O fato de virar na entrada da praia não poderia ter ocorrido se houvesse treinamento. Ainda assim, tendo havido o capotamento naquelas condições da praia onde havia areia e pedras, eu deveria estar usando equipamentos como capacete, sapatilhas, luvas para evitar o contato com as pedras que normalmente, tem encrustações de moluscos. Não poderia ter nada solto no cockpit e nem mesmo utilizar o leme nesse tipo de remada. Assim, um pequeno corte na sola do não foi nada.

Eu saí da barraca com a câmera e fiz umas fotos. Depois, sentei-me no chão para fotografar o sol nascendo. Logo apareceu esse simpático cãozinho que entrou para a foto. Cliquei rápido e ele continuou sua visita ao acampamento farejando tudo.



















Enquanto o sol não aparecia sobre aquelas elevações, o café da manhã movimentou o pessoal no acampamento. Depois, todos começaram desmontar as barracas e carregar tudo para os caiaques. E até os caiaques que ficaram longe da praia.
Nossa permanência no camping deveria ser no tempo suficiente para dormir durante a noite e partir antes do sol aparecer. Como não havíamos combinado horário de alvorada e de saída, todos se organizavam sem pressa.                      








Todos apostos para retomar a remada, eu tive tempo de fazer essas fotos antes de guardar a câmera no saco estanque e dentro do compartimento de cargas. Não deixei nada solto.

Minha reentrada no mar foi um pouco cinematográfica mas, sem constrangimentos. Eu vi que a água ficou lisa e dei a partida mas, o nível da água havia baixado e o barco trancou em um banco de areia logo adiante. Com isso perdi um tempo e enquanto remava para sair formou-se uma sequência de ondas. A última que passei jogou a proa do meu caiaque para o alto. Mas, tudo bem pois o casco aguentou a batida sem problemas.




Saindo do Retiro me juntei a Alvares e Jair que aguardavam o restante do grupo mas, só quem chegou  depois foram Márcio e Otávio no duplo. Fomos remando de vagar para que os outros nos alcançassem e viramos na ponta das pedras para o Sul. O Márcio estabeleceu rumo mais próximo das pedras e logo ao lado Alvares e Jair. Eu defendia a ideia de remar mais afastado para evitar o retorno das ondas que batem no paredão de pedras e, assim,  remaríamos somente sobre as ondulações. Mas, os outros defendiam a posição alegando que seria a mesma condição de água estando mais afastado . Assim prosseguimos sem que eu me afastasse tanto. 

Depois de algumas remadas, percebi que Leonardo, Tiane e Bueno remavam pela minha esquerda e bem afastados.  Mais uma vez insisti com Jair e  fiz questão de mudar meu rumo remando na direção dos outros mais longe da costa. Passei a remar junto de Tiane e Bueno enquanto Leonardo tomava a dianteira vários metros a frente. 
Enquanto remava lembrava da possibilidade de ficar sem leme numa situação como aquela de águas picadas - efeito das ondas retornando das pedras e se encontrando com as ondas que vem depois - porque sempre remei com o uso do leme que corrige o rumo e até ajuda na hora de fotografar. Mas, nem mesmo havia lembrado de revisar os cabos antes de viajar.  
E, como se fosse aquela preocupação um alerta, logo depois o pedal do leme trancou e o barco virou para esquerda até se encontrar com o da Tiane que remava ao lado. Forcei um pouco para corrigir e o leme se liberou. Achei que tivesse normalizado quando o barco perdeu o rumo novamente e sem possibilidade de retornar. A Tiane veio até mim e ergueu o conjunto do leme que havia mergulhado na água após a solda do eixo se partir.
Agora a situação era aprender remar sem leme a qualquer custo e nesse momento estávamos cruzando em frente a praia de Quatro Ilhas.
Jair  se aproximou de nós  um pouco depois e retirou o leme do suporte e eu o guardei no cockpit.
A minha remada ficou um pouco comprometida e tinha dificuldade de manter o caiaque em linha reta pois ele insistia em virar para esquerda. Segundo Jair e depois Leonardo disse também, o caiaque tende a virar para o lado do vento.


Assim fizemos uma curva grande com ondas  de través e bem afastados na enseada do Mariscal  enquanto Márcio e Otávio e Leonardo remavam próximos das praias. Chegamos no cantinho da praia do Canto Grande onde descemos. Felizmente sem ondas e sem capotar.






Aqui foi a parada para o almoço e onde se decidiu sobre a etapa seguinte. O que tínhamos previsto seria voltar para o mar aberto e contornar a ponta de pedras passando entre a ilha do Macuco e o continente, virar na outra ponta e acampar numa das praias, possivelmente, a praia Tainha. 

As condições do mar naquele local era desconhecida e levantou-se a possibilidade de ser uma passagem difícil entre a ilha e o costão e que possivelmente na virada da outra ponta teria a água muito agitada. 

Nesse momento o grupo se dividiu. Tiane não quis prosseguir e Leonardo aceitou as razões colocadas por ela e sugeriu atravessar para a enseada de Zimbros com os caiaques por terra. Eu e Bueno decidimos ir com eles e os outros resolveram seguir os planos e partiram.
Alvares


Jair

Márcio e Otávio


Esses foram saindo e uma onda botou água no cockpit do Otávio que havia saído sem fechar a saia.  Ficaram brigando mas, voltaram para retirar a água e, em seguida, saíram novamente com ajuda do Bueno.





Em tamanho original pode-se ver a pá do remo (vermelho)e o Chapéu (preto) do Jair entre as ondas .

Assim, ficamos nós, eu e Bueno a ver o mar enquanto Leonardo e Tiane não voltavam  do restaurante.

Atravessar para o outro lado rendeu assunto e mais uma capotagem minha. Tivemos de vir por água até o outro lado da ilhota de pedras e ali a praia tinha ondas. Eu  achava que era vez de me dar bem e errei tudo outra vez. O Leonardo disse: - agora, vai, vai. Eu fui, perdi a direção e a onda me rolou de novo. Pelo menos não haviam pedras embaixo.

Depois disso tivemos que descarregar os barcos dois a dois para Leonardo e Bueno levá-los para o lado de Zimbros. Tiane levou duas sacolas de tralhas na primeira viagem e eu na segunda.




Dali se avista um mirante no alto do morro e fiz a foto para comprovar se eram mesmo pessoas lá em cima conforme afirmava Leonardo.


Conhecemos o Sr. José, pescador  daquele lugar que nos ensinou umas prainhas onde poderíamos acampar. Fizemos questão de tirar uma foto com ele e depois saímos na direção que viriam os outros remadores. Sobre as condições da água no trecho que evitamos , ele nos falou que no trecho da ilha seria protegido mas, na virada das pedras, eles encontrariam água um pouco agitada.





Logo que nos afastamos daquele trapiche, enxergamos Jair e Alvares que vinham até o local do encontro. Também procuravam uma peixaria para comprar "um peixinho" e fazer um grelhado à noite. Nos informaram o local do acampamento que, por sinal, era o local ensinado pelo Sr. José.




Chegamos ao local do acampamento em uma prainha entre as pedras e com um ponto no mato para colocar as barracas mas, que não cabiam todas. Com essa situação de super lotação do acampamento resolvi dar uma olhada na volta e encontrei um lugar que causou inveja: uma laje com vistas para a enseada e livre de mosquitos. Falei para Leonardo sobre umas areias na praia e resolveram mudar para lá. Ficou bem distribuída a divisão de terras.
Jair e Alvares chegaram com os peixes e começou a função do fogo e das grelhas improvisadas de bambu.



Essa foto com vistas para Zimbros foi clicada do alto da laje. Em frente dois lancheiros ancorados e aproveitando o por do sol. Nas fotos seguintes, a barraca na laje, a Tiane no seu novo endereço e, abaixo, o Leonardo trazendo os barcos e admirando nossas acomodações na "laje".




Otávio visitando e apanhando algumas cenas com sua filmadora.










Luzes de Zimbros com Leonardo e Tiane sobre as pedras.
Foto de Leonardo das luzes de Zimbros com vistas do acampamento principal.
Foto: Leonardo Esch

Saboreamos o peixinho no acampamento principal mas, ainda assim,eu e Bueno não dispensamos um café com direito a bela vista da laje.

*****

Continua no terceiro dia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário