quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

PORTO BELO ATÉ TIJUCAS DE CAIAQUE


Enseada de Zimbros - terceiro dia

Passei no acampamento principal logo cedo e vi que Otávio reacendia o fogo para aquecer um peixinho que sobrara da janta.
Voltei para a "laje" e com o Bueno preparamos o café da manhã. Depois organizamos  nosso  acampamento  e após desmontarmos as barracas, carregamos todas as tralhas nos barcos e fomos saindo para água. Tiane e Leonardo faziam o mesmo e aproveitaram nossa saída da laje para saborear o café com aquela vista. 
O pessoal do acampamento principal parecia bem mais despreocupado com a saída.

Fora a boa sincronização dos horários, partimos atravessando direto a enseada de Zimbros até a costeira no outro lado. Dali fomos no rumo de Tijucas passando prainhas e pedras da costeira.








Um lugar entre pedras que fora escolhido por Márcio e Otávio para aportar mas não foi  consenso por ser de difícil acesso e, por isso, seguimos adiante. 
Pensamos descer em uma praia que veio a seguir e aguardamos o restante do grupo mas, como identificou Leonardo que chegou logo atrás,  não era local ideal para desembarque por ser do tipo "praia do tombo" com o quê concordaram Márcio e Otávio. 
Era uma praia que a areia fica alta formando um barranco e  as ondas podem jogar o caiaque direto nele podendo ocasionar até quebra do casco e acidentes.

Mais adiante, chegamos na praia da Ponta Grande e a sensação de que estávamos descendo um declive bastante acentuado. A areia da praia parecia ficar no fundo de um buraco porque já navegávamos sobre as grandes ondas vindas de Nordeste livres da proteção da enseada de Zimbros.

A minha chegada na praia foi mais uma vez desastrada, embora não tivesse capotado, perdi a direção e me choquei com o caiaque do Alvares que entrava a meu lado. Isso me deixou bastante frustado mesmo. Desde o início da navegada pela costeira de Zimbros eu havia pegado o jeito da remada sem o leme e estava com uma remanda firme, longa e com total domínio da direção do barco. Cruzei várias vezes entre as fazendas de ostras controlando a proa exatamente onde queria passar entre as boias. Mas, depois desta...

Tratei de puxar o barco mais para cima da areia e procurei esfriar a cabeça. Fui fazer umas fotos do local observando que algumas pessoas se dirigiam para um barco emproado na areia e se preparavam para partir da praia como se ali fosse uma ilha.
Quando fazia as fotos das casas veio até  mim um senhor de camisa azul e começou conversar comigo dizendo que podia tirar fotos de tudo e foi me convidando para conhecer sua casa, a cascatinha que tinha água boa encanada desde o meio do morro e tudo mais. Era o sr. Newton.Vi que tinha cachorros amarrados enquanto ele me contava sobre tudo e sobre o seu modo de vida ali. Que mora há quatorze anos naquela praia, mas,  quer ir embora porque é muito longe de tudo e que sua mulher já não suporta as caminhadas de uma hora e meia pela estrada até a vila.
Enquanto me contava suas particularidades veio o seu irmão, que por sinal, estava um tanto "alegre" e queria que eu lhe desse conta de seus documentos que ele havia perdido.  Certamente estava me confundindo com alguém . Ainda assim tentei lhe orientar de como fazer para providenciar novos documentos. O sr. Newton interveio e disse que já estavam tratando disso e que ele só queria me contar sobre o ocorrido.






A cascatinha de água potável e bem geladinha.

A mangueira que trás a água do morro

Sr. Newton e seu sobrinho.
Depois de travar conhecimento com o Newton, hora de prepararmos o almoço.







Estava fazendo fotos de cima das pedras e ao mesmo tempo analisando as condições do mar. Havia consultado o sr. Newton, que é pescador e tem um barco, o " Teucar", procurando obter informações sobre as condições para sairmos na água em direção ao rio Tijucas. Ele nos aconselhou não entrar no mar com aquelas condições de vento e ondas e que o mar estava botando ondas no rio. Seria difícil entrar na sua foz e talvez devêssemos esperar a maré subir para prosseguir.
Eu olhava o mar e via que as ondas cruzavam naquela direção fazendo espumas.  Diante de tais condições da água e por saber da estrada que passava ali atrás, pensei que seria melhor encerrar minha remada ali. Quando comuniquei minha decisão ao grupo todos me incentivaram a ir mas, eu fui relutante. Deixei que Bueno se manifestasse e se fosse prosseguir poderia vir resgatar-me com o carro. Não tinha que fazer o mesmo que eu mas, ele decidiu parar a remada também.

Assim, vimos os amigos partirem de novo, agora para concluir a última etapa da remada e as minhas fotos mostravam as condições das ondas que aos poucos esconderam seus caiaques.











Os amigos que seguiram para concluir percurso combinado sumiram por trás das ondas e nós encerramos nossa aventura por água contando que teríamos apenas de buscar o carro e carregar os caiaques para fora daquela estrada. Não tínhamos combinado nos reencontrarmos com os outros.
Voltamos à conversa com o sr.  Newtom e ele quis saber que carro era o nosso e ao que respondemos ele disse que a estrada só passava camionete com tração 4x4 mas, aí já era tarde. Seguir por água ou por terra, nessa hora , não era opcional,  agora, teria por terra de qualquer maneira.

Bueno se incumbiu de fazer  a caminha de uma hora e meia caso não conseguisse uma carona que poderia ser até em moto de algum daqueles que faziam cross nas areias da praia. Ele saiu na direção da estrada e eu me joguei na areia, depois de puxar os barcos na direção da sombra da amendoeira. Dali eu fiz algumas fotos e observando que a bateria estava acabando e não teria outra. Cada uma que clicava, pensava ser a última.


Chegou na praia o barco Itajaí e o sr. Newton veio me falar que estava indo para Tijucas nele juntamente com  seu irmão. Havia pouco tempo que Bueno havia saido e pensei que ele poderia estar também naquele barco em vez de uma caminhada. Se ao menos o sr. Newton tivesse falado sobre essa possibilidade...







O Itajaí perdeu-se em meio as ondas no rumo da foz do rio Tijuca em linha reta e diferente que fizeram os nossos amigos com os caiaques. Os caiaques foram  na direção das ondas e fizeram uma volta maior para se alinhar a elas que os levariam  pela popa.
Saíram nessa partida do Itajaí as últimas pessoas que curtiam a praia ficando somente o pessoal de Camburiú e outros três rapazes que caminhavam na praia ou tomavam banho se jogando das pedras.


Logo depois passou pela minha frente o pessoal de Camburiú com o jipe e o Uno que estava próximo e que também chegara pela estrada. Acenaram para mim e respondi, um pouco sem graça porque lembrava que poderiam ter oferecido carona para buscarmos nosso carro. Só pensava que se eles chegaram até ali, nós também chegaríamos com o Gol.



Logo se foram também aqueles que tomavam banho na praia. Fiquei olhando em volta e me dei conta que só estava eu naquele canto de mundo que eu tinha referência somente do ponto de vista da água.
Caminhei de um lado ao outro e não tinha mais nada a fazer do que esperar pelo Bueno com o carro.
Já havia cochilado um pouco sentado na praia logo que Bueno saiu e agora só tinha que olhar para o mar ou fazer alguma foto enquanto não acabasse de vez a bateria.

Notei que as ondas passavam lá fora na direção do rio Tijucas mas estavam bem mais lisas do que na hora que os caiaques partiram. Com isso lembrei do sr. Newton disse sobre a maré e fiquei mais tranquilo com a navegada que os parceiros deviam ter feito.







O sol estava cada vez mais próximo de desaparecer por trás daquele morro até que a bateria acabou. E nada de voltar o Bueno e não podia ligar para ele pois o celular dele estava sem bateria. Comecei pensar que havia caído no filme "Lost" e aquele lugar deveria ser misterioso. Ainda mais quando veio correndo pelo corredor um cachorro amarelo com o galo garnizé do sr. Newtom na boca. O galo tinha amarrado na pata um tijolo grande para que não fujisse do pátio e o cachorro arrastava tudo.Que cena!...juntei o galo depois que o cachorro o largou próximo de mim e o levei de volta. No caminho haviam dezenas de penas do galo.


O meu celular tocou e era a Tiane me dizendo que haviam chegado nos carros e que Buenão não havia aparecido. Ai começou minha preocupação já que a caminhada, segundo o sr. Newton, era de uma hora e meia e já se passavam mais de três horas.
Tiane e Leonardo resolveram procurá-lo pela cidade de Tijucas na esperança de ajudá-lo pois, ele não esteve onde os carros ficaram, não conhecia a cidade e não tínhamos com orientá-lo agora. Tudo que eu havia passado para ele é que deveria entrar pela rua principal, passar em frente a estação rodoviária, e virar para esquerda no final daquela rua. O posto de combustível onde estariam os carros seria logo adiante.

Tiane ligou mais algumas vezes e resolveram voltar no posto de combustível e foi quando viram que Bueno já havia retirado o carro. Em fim, ele havia chegado no carro mas, tendo demorado três horas e meia para isso, caminhando.

Agora eu tinha expectativa que ele chegaria logo e comecei descarregar o meu caiaque e transportar as tralhas, depois o próprio barco, para um lugar mais próximo da estrada. Procurei marcar o caminho para ele chegar onde havia muita areia fofa e fiquei de olho na estrada, indo e voltando da estrada, achando que ele deveria receber orientação antes de chegar nas areias. Ia e voltava e nada do Bueno.
Calculando a distância que não deveria ser muito até a praia e, mesmo considerando que a estrada não deveria ser boa, ainda assim, ele já deveria ter chegado.

O tempo passava e nada dele chegar. Já começava escurecer  e minha preocupação agora era o que poderia ter acontecido com o Bueno. De repente um vulto apareceu na estrada, caminhando de vagar e sem  muita firmeza, parecia cambaleando e duvidei que fosse ele, mas, era. Fui ao encontro dele. Estava com uma aparência de muito cansado e eu já imaginava isso pois tive contatos  por celular da Tiane e só não sabia porque ele chegava sem o carro. Então ele deu a notícia mais nova: - "o carro apagou e não pegou mais. Tive que deixá-lo no meio da estrada, no mato, e voltar a pé".

Ele não sabia dizer qual era o problema do carro então, decidi ir até lá ver se poderia trazê-lo. Peguei uma lanterna de cabeça e tomei a estrada. Foi quando tomei conhecimento do estado da estrada fazendo trinta minutos de caminhada para chegar até o  carro. Quando o encontrei já estava quase totalmente escuro pois, era dentro do mato e mal eu distinguia o seu contorno e ainda não havia utilizado a lanterna. Tentei fazê-lo funcionar mas identifiquei logo o problema: bateria. Era o fim das baterias que começou com a do celular do Bueno, da minha câmera e agora do carro. Logo agora!?...

Depois dessa eu percebi logo que nossa aventura teria mais um dia - mais uma vez montaremos  acampamento.




*****





Nenhum comentário:

Postar um comentário