O TEXTO
Estava devendo o texto da última postagem e durante esse tempo estava pensando o que deveria escrever. Não sabia se escrevia sobre as fotos ou sobre o resultado de encontro. Por vezes me pareceu que algumas palavras pulavam para fora do meu pensamento.
Quando a gente se empolga com algum projeto corremos na direção dele cegamente e esquecemos que nem todos pensam da mesma forma. Nem todos querem as mesmas coisas que nós. Como também nem todos acham graça do mesmo jeito de uma piada. Na canoagem também é assim.
Quando Leonardo me convidou para propormos uma boa remada para o grupo, minha vontade era mobilizar o grupo para uma confraternização e, nessa mesma oportunidade, propor um evento maior que uma boa remada que seria o planejamento de várias boas remadas - um calendário de remadas. Coisa que já se falava há bom tempo mas nunca o fizemos. Junto a proposta do calendário queria proporcionar um bate-papo descontraído entre amigos, coisa difícil quando estamos remando ou acampados.
Assim Leonardo e eu, mandamos mensagem ao grupo convidando para essa reunião onde eu colocava a casa de praia que, embora simples, acomodaria bem umas dez pessoas para um bate-papo e um almoço. Tivemos quatorze e eu nunca havia feito almoço para tantas pessoas.
Tivemos no programa desse dia uma remada pelas ondas da praia como treinamento de entradas e saídas no mar sob condições de ondas. Levei o meu barco e o coloquei a disposição de quem não tivesse levado barco ou para um test drive. Eu mesmo não entraria pois havia me comprometido em preparar o almoço. Fiz algumas fotos no início e depois saí para organizar tudo em casa.
Achava que era um bom começo a troca de sugestões de remadas em datas futuras e a discussão aberta para vários assuntos como os desencontros e reclamações da última remada, a de Porto Belo. Pensava que tudo discutido e a perspectiva de um ano mais planejado daria um verdadeiro impulso na canoagem do grupo. Pensava em mudar a concepção das mensagens inoportunas que encheram as caixas de entrada de todos. Pensava ainda, que integrar mais o grupo de canoístas de Torres que nunca vieram remar conosco no Guaíba e na lagoa dos Patos.
Enquanto alguns ainda permaneciam na praia eu fui adiantar o almoço e contei com ajuda da Maria Helena, Bueno, Tiane, que veio depois e Leonardo que trouxe mais um tempero para o galeto que achei que faltaria. Assim demos início a reunião e eu não podia me desligar do almoço e contava com ajuda nas saladas que foram preparadas pela Tiane. Muito boas, embora não tenha experimentado - achei que eram porque ficaram pratos bonitos e não sobrou nada. Me preocupei se todos haviam se servido de saladas.
O Bueno cuidou de acender o fogo na churrasqueira enquanto eu espetava as sobrecoxas sob olhar do Rogério que queria aprender o modo como eu estava espetando em espeto simples. Disse que gostou do jeito e depois falou que aprovou o resultado.
Fora o fato de haver quebrado o caiaque do Bueno que o deixou um pouco triste, tudo estava andando bem. Bueno reconhecia que fora puro acidente e ouvia do amigo, com profundo lamento, o pedido de desculpas.
Hoje já se passaram vários dias e fico me questionando se valeu, pois a remada que ficou acertada será no próximo final de semana mas, nesse intervalo muitas mensagens já rolaram por essa caixa infectada por certas bobagens.
Já havia dito em alguma ocasião que o que rege uma remada é gosto pela canoagem, mas não é. As pessoas são diferentes e só porque compram um caiaque não quer dizer que pensam todos da mesma maneira.
Mas, o caiaque não pode parar.
Até a ilha do Barba Negra.
Hoje, catando as palavras para responder algumas trocas de mensagens, decidi não ter mais essa recaída de querer organizar as coisas que são muito difíceis para uma canoagem como se pensava. Parece mesmo que : "cada um rema sozinho uma canoa que navega um rio diferente, mesmo parecendo que está pertinho" (Guimarães Rosa).
Já havia dito em alguma ocasião que o que rege uma remada é gosto pela canoagem, mas não é. As pessoas são diferentes e só porque compram um caiaque não quer dizer que pensam todos da mesma maneira.
Mas, o caiaque não pode parar.
Até a ilha do Barba Negra.
Um comentário:
Boa reflexão, Germano.
Creio que compartilho de muitas impressões citadas e também imaginava a lista servindo como instrumento de contato para troca de informações e aprendizado e, por que não, reflexões mais aprofundadas. Mas pelo que vemos o estilo "é tudo alegria" é que impera, sem grandes preocupações com conteúdo. Uma pena. A semente foi lançada, mas sem solo fértil e regas frequentes fica difícil a germinação.
Muito interessante a citação do Guimarães Rosa, dá o que pensar...
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