Pedras de Belém Novo, zona sul de Porto Alegre
Com um final de semana prometendo ser ensolarado e temperatura agradável para uma caiacada, combinamos aquela remada proposta pelo amigo caiaquista Padaratz de atravessar o rio Guaíba partindo de Belém Novo até o extremo da ponta do Salgado, como fizemos na remada para Itaponã. Mas, por motivos particulares Padaratz não pode participar. Acabamos fazendo uma remada de dois barcos: eu e Leonardo, pois Tiane também não pode ir.
Outra ausência lamentável foi o cartão de memória da minha câmera fotográfica. Tanto que esse relato será de palavras mas, não deixarei de comprovar os fatos com as fotos magnificas postadas por Leonardo.
O dia amanheceu encoberto por uma bruma leve e a temperatura muito agradável. Assim partimos da pracinha de Belém Novo sob as sombras frescas das árvores cheias de caturritas barulhentas. Algumas passando com ramos para construir ninhos nos altos dos eucaliptos.
Fomos remando devagar até as pedras da ilha da ponta do Arado e dali tomamos rumo na direção do pontal do Salgado. Leonardo. como sempre, tomou a dianteira com uma remada forte. Eu mantive minha remada básica, procurando seguir no mesmo rastro pois, ele faz uso do GPS e segue em linha reta.
Segui minha navegada de olho nas ondas que vinham por boreste e a popa do caiaque do Leonardo que, aos poucos, se distância cada vez mais. Quando a onda crescia um pouco, forçava a remada para direita para o barco subir inteiro e navegar na vaga. Naquelas condições estava tudo bem., mas por vezes, deixava a proa alguns graus a BB, buscando o rumo da ponta do Salgado e alguma ondinha maior pegava o barco, a começar na popa e terminar na proa, dando uma chaqualhada no casco. Assim, fui navegando, balançando nas ondas, meio no arrasto e meio no rumo. Lembrei de uma bússola que comprei para usar no caiaque, mas ela marcava o sol nascendo no N e se pondo no S: acabei deixando de lado para não pagar mico.
A chegada no Salgado foi mais suave com leve balanço das ondinhas porque o vento estava diminuindo. Aportei no pesqueiro onde o Leonardo fazia as fotos da minha chegada. Tinha um radinho ligado e estava uma a zero para Alemanha sobre a Argentina.Descansamos uns minutinhos e seguimos descendo para o sul , costeando umas prainhas. Passamos um outro pesqueiro que serviu de parada para o almoço em uma outra remada. Descendo mais, e acompanhando a costa para encontrar um local de desembarque para o almoço que seria uma massinha para variar, mas com um molho de carne que a Marisa havia preparado na noite anterior.
Naquele trecho só encontramos lugares úmidos sob a mata ciliar e sem um pedacinho de areia. Leonardo que ia mais a frente resolveu voltar e propôs retornarmos para uma prainha que já havíamos cruzado. Assim o fizemos.
Leonardo largou na frente e me esperou tirando fotos da minha atracagem.
Em terra firme iniciamos aos preparativos do almoço: fogãozinho, panela, prato, massinha, molho de carne, farofa de frango e uma sobremesa.
Tudo certo com a cozinha improvisada na areia. O macarrão logo ficou ao dente e adicionei bastante molho de carne com legumes. Só que estava um pouco forte no pimentão e eu percebi que não estava ao gosto do Leonardo mas, eu gostei tanto que comi mais do que deveria.
Ai veio aquela fatia de cuca feita pela Tiane... que delícia! pedaços de chocolate e coberta de farofa bem açucarada. Quando peguei aquela fatia senti a consistência e achei que era muito grande o pedaço. Foi então que surgiram comentários- seria um bloco de granito, concreto?...Acho que foi mais uma manifestação nossa pela falta da Tiane nessa remada porque a cuca estava ótima e as brincadeiras a traziam de volta para a caiacada.
No final das contas, depois do macarrão com molho preparado pela Marisa e a sobremesa de cuca, meu caiaque ficou mais pesado depois da parada para o almoço.
O Guaíba havia se modificado e as ondinhas estavam diminuindo. Virou o que os velejadores dizem de mar de azeite - lisinho. Assim estava quando chegamos na ilha do Chico Manoel. Pelo que falou Leonardo, foi uma travessia de nove quilômetros e antes de cruzar o canal, precisamos esperar um navio cargueiro passar para depois completar o trecho.
Depois da ilha seguimos na direção da ilha da Ponta do Arado apreciando o sol se pondo la pelos lados de Guaíba, Itaponã.
Eu só lamentava não estar fotografando aqueles momentos mas, por outro lado, satisfeito em estar ali, remando já um pouco cansado e com dor nas costas. Mas sabia que Leonardo devia estar captando fotos boas com aquele sol magnífico, iluminando com sua luz dourada os veleiro que cruzavam à motor e suas velas inoperantes, as pedras da ilha do Arado.
Da ilha do Arado seguimos em linha reta para alcançar as pedras de Belém Novo, iluminadas pelo sol quase na linha do horizonte e fazendo reflexos compridos na água, que parecia mesmo um rio de azeite. Dos barcos à motor que passavam à distância vinham as ondinhas em sequência passando embaixo do caiaque na direção do portinho.
Das pedras eu virei para o ponto de chegada e fui remendo um pouquinho, parava e ficava observando os vincos que o caiaque deixava na água e só voltava remar quando ele já estava quase parando. Segui assim até entrar nas sombras das árvores da pracinha de Belém Novo.
Essa remada foi muito boa, e só seria melhor com a companhia de nossos parceiros habituais que não puderam estar junto, porque a natureza cumpriu sua parte nos mostrando um dia magnífico sobre as águas do Guaíba, tão mal tratado pelo descaso, pela poluição que nele é jogada todos os dias.
O sol que aquece o planeta sempre brilhante iluminando tudo sobre a terra e água, paisagens que a gente não esquece jamais. São lugares que muita gente desconhece e que nós não cansamos de visitar.
Sol se pondo sobre o rio Guaíba e o morro da Ponta Grossa ao fundo
Chegada de volta em Belém Novo
Navegação: Leonardo Esch
Fotos dessa postagem: Leonardo Esch
Outras fotos de Leonardo Esch
3 comentários:
Belo relato Germano! Parabéns!
Um abraço,
Padaratz
Desculpa minha falha na postagem,reforçando o comentario do Padaratz, belicimo relato,parabens e grande abraço Germano.
Marcio
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